Taska do Karisma @ Vale da Telha, Aljezur

Em todas as férias há um local que se troca o nosso QG ou quartel general, e estas não são excepção.
Este ano, no Vale da Telha, Aljezur, o local foi a Taska do Karisma.
Local simples, de gente muito simpática, e comida fantástica.
Se a isto juntarmos uma companhia lindissíma, uma mesa grande de madeira e bancos corridos, uma noite de Verão e vinho branco de pressão, temos o sonho de qualquer "cavaleiro".
Faltam pormenores, faltam, uma mesa e bancos corridos requererm outras pessoas, outros cavaleiros, outras damas, mas o local ajuda mesmo nestas falhas.
Para quem estiver de passagem, a Taska do Karisma é o melhor local para recuperar a energia, e para repor aquela dose de lusitanidade que todos precisamos para evoluir como país.


S. João @ Aljezur

Para quem não sabe, tenho o S. João como a Festa das festas, e equivalente à passagem de ano para muitos.
É uma noite em que a a magia de séculos e séculos se renova em votos de nova e maior abundância e energia.

Raramente, nesta ainda algo curta vida, passei o S. João fora do meu burgo natal e de referência, o Porto, e posso-vos garantir que só um ano não lancei um balão, e só num ano também o balão ardeu, mas este ano, dado que estamos de férias em Aljezur, ia passar em branco, o que muito me custava.

Mas como coisas boas acontecem a quem merece, e até acho que mereço algum cuidado pelo menos, eis que mal entro no Hotel Vale da Telha (mais tarde aprofundo este tema) a minha menina me entrega um poster anunciando o S. João em Aljezur. E não era um, mas dois.

Coisa curiosa, o arraial a que fomos era organizado pela TERTULIA Associação Sócio Cultural de Aljezur) e levado a cabo por uma comunidade de portugueses, alemães, entre outros, o que fez deste o S. João mais internacional e multi-cultural que tenho tido.
O facto de ter sido na base do Castelo de Aljezur teve também, pelo menos para o medieval que há em mim, um sabor especial. Sem querer alongar-me, tudo bateu certo. Uma noite de crescente, um castelo templário, o meu amor, e mesas grandes e cheias. Até as pessoas ajudavam a esta ideia de comunidade medieval.
Não houve balão, mas esteve tudo aqui.
A todos uma grande noite de S. João

http://tertulia-aljezur.blogspot.pt/

Férias'12 - Parte II

Ele há coisa melhores do que um peixinho grelhado, com um belo copo de vinho, depois de uma bela manhã e tarde de Praia?


Férias'12 - Parte I

Este ano rumamos ao Sul, numa busca desesperada por sol, praia, peixe e vinho fresco.
Apontamos inicialmente, e em resposta a um gentil convite de amigos, à bela localidade de Foz do Arelho, conhecida e reconhecida pelo seu constante vento e, micro-clima tão sensível e susceptível quanto o panorama actual português, e em todas as áreas.
Do fim-de-semana só de coisa boas podemos falar, desde o churrasco magistralmente gerido pelo grande chefe, à bela garrafa de Murganheira Branco, fresco qb, sem nunca esquecer o bom que é uma mesa cheia e farta.
Não me esqueço também do nosso jogo contatar Holanda que, contra tudo o que é habitual em mim, me fez roer as unhas de nervos, e pular da cadeira com uma voz de trovão. É verdade, e já o escrevi, Portugal precisa de coisa boas, de ânimo, de força, e se este for o meio, venham os jogos.
Da tarde fica um belo passeio por Obidos, terra que nos lembra, pelo menos a nós visitantes, que o Português se fez de sacrifícios, mas também de grandes obras, que perduram e nos remetem para um passado que se precisa presente para alcançar o futuro que tanto nos impele.
Do segundo dia duas memórias: a visita surpresa a uma amiga sem tempo, e um recuperar de forças numa das mais belas naves que há memória, erigida por monges em Alcobaça, e que bem eles sabiam viver.
Do terceiro dia, o verdadeiro relaxar. Solinho, bebidas frescas, petiscos, um bom livro, um tablet à mão, e a companhia de uma mulher lindissima, e que é a minha.
A viagem continua, e esse é o verdadeiro encanto, o viajar.


Portugal vs Holanda

É pública a minha quase ignorância relativamente aos aspectos técnicos do jogo, mas é também pública a minha devoção a esta nossa pequena nação.
Hoje, aqui por escrito e do coração, vos digo "não conheço pátria assim, pequena e com tantos feitos".
Somos grandes, senhores, somos grandes, e se a forma de dar ânimo a este povo que luta diariamente com um sorriso nos lábios, e uma piada mordaz na língua, é o futebol, e a Selecção Nacional, assim seja.
Somos heróis, senhores, somos um nobre povo, somos uma nação valente e, ao contrário do que pretendem nações maiores e sem história, imortais.
Sempre que o sol nascer, um Português estará lá, a sonhar.


Pensar em Portugal

General, o teu tanque é um carro forte.

General, o teu tanque é um carro forte.
Arrasa um bosque e esmaga centos de homens.
Mas tem um defeito: Precisa de um condutor.

General, o teu bombardeiro é forte.
Voa mais rápido que uma tempestade e carrega mais que um elefante.
Mas tem um defeito: Precisa de um mecânico.

General, o homem é muito hábil.
Sabe voar e sabe matar.
Mas tem um defeito: Sabe pensar.

Bertold Brecht

Neste texto, Brecht expõe com clareza a grande diferenca entre o Homem e as máquinas.
A única questão, ao dia de hoje pelo menos, é saber se o Homem está disposto a pensar.
É que um dos grandes defeitos do actual conceito de sociedade é o basear-se não na sabedoria, mas na ignorância do homem governado.
Não é verdade que esta ignorância seja totalmente imposta pelo homem governante, passa também pela pouca vontade do homem governado em querer saber mais, seja porque há coisas quais vale não perguntar, seja porque ainda nos assiste uma confiança pelos nossos representantes que nos pacifica a noite.
Em qualquer um dos casos, e a meu ver, é grave.
É grave quando essa ignorância, passiva ou activa, nos faz abdicar do controlo parental que todas as sociedades necessitam, assim como quando nos faz deixar de pensar que é esse controlo que nos garante uma boa gestão do nosso capital, social e financeiro.
Mas General, como se diz na minha terra, há mais marés que marinheiros, e no dia em que o Homem se decidir a pensar o problema é que sabe usar o tanque e o bombardeiro, e não precisa de si, General.

Portugal, e o 10 de Junho.

VALSINHA DAS MEDALHAS

Letra: Rui Veloso e Carlos Tê
Música: Rui Veloso
Arranjos: Hermenegildo Duarte

"Já chegou o dez de Junho, o dia da minha raça
Tocam cornetas na rua, brilham medalhas na praça.
Rolam já as merendas, na toalha da parada
Para depois das comendas, e Ordens de Torre e Espada.
Na tribuna do galarim, entre veludo e cetim
Toca a banda da marinha, e o povo canta a valsinha.

Encosta o teu peito ao meu, sente a comoção e chora
Ergue o olhar para o céu, que a gente não se vai embora
Quem és tu donde vens, conta-nos lá os teus feitos
Que eu nunca vi pátria assim, pequena e com tantos peitos.

Já chegou o dez de Junho, há cerimónia na praça
Há colchas nos varandins, é a Guarda d'Honra que passa
Desfilam entre grinaldas, velhos herois d'alfinete
Trazem debaixo das fraldas, mais Indias de gabinete
Na tribuna do galarim, entre veludo e cetim
Toca a banda da marinha, e o povo canta a valsinha."  

Chamem-me lamechas, chamem-me patriota, chamem-me o que quiserem que o orgulho que sinto por ser português ultrapassa isso tudo.
E esta pequena música do Rui Veloso e do Carlos Tê diz tudo, do bom e mau, do que significa ser português.
Ao fim de um ano de austeridade oficial, porque a outra já nos atinge há anos, para não dizer décadas ou séculos, e depois de ter assistido à entrega de todas as "comendas, e Ordens de Torre e Espada", só uma coisa se me oferece dizer: "Eu nunca vi pátria assim, pequena e com tantos peitos."
Porque é todo um povo que merece ser comendado, merece ser elogiado, merece uma palavra de apoio, porque mesmo sem esse mimo conseguiu chegar longe, e contra todas as melhores expectativas dos países ricos do mundo.
Somos, ainda que nos queiram fazer esquecer isso, um povo forjado pelas dificuldades e pela pequenez do país, criado a partir do homem simples que se fez ao mar e ensinou outros povos a serem grandes, um povo que quando confrontado com a crise e a austeridade ainda se deixar governar, mesmo que mal.
Somos pessoas simples mas de coragem, somos pessoas pobres mas com uma riqueza interna que permite rir e criar anedotas da mesma crise que nos assola.
A melhor imagem que encontrei para ilustrar este texto é esta, a da nossa bandeira feita com pessoas.
Isto é Portugal, isto somos nós, isto é o espírito de 9 séculos de história, que tanto medo criam ao resto do mundo.