Identidade Nacional vs Democracia

Segundo a Wikipedia, essa deusa dos dicionários modernos, a palavra DEMOCRACIA corresponde a um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está directamente com os cidadãos, ou indirectamente por meio de representantes eleitos — forma mais usual. Uma democracia pode existir num sistema presidencialista ou parlamentarista, republicano ou monárquico.

Imagino que agora procurem uma relação entre a Democracia e a Identidade Nacional presentes no titulo de mais este pensamento, senão procuram, digo-vos que é tempo de o fazerem.

Sou, há anos, apologista deste tão, teoricamente, nobre sistema governativo mas, por força de o acompanhar nos últimos 23 anos de forma mais intensa, há alguns pontos que me têm feito diminuir este meu pendor apologético.

Não estou a dizer, e entendam isto como um aviso à navegação, que tenho saudades do antigamente, até porque para ter saudades de antigamente era preciso tê-lo partilhado, mas ele há pormenores que me desagradam cada vez mais e que se vêm imiscuindo na própria definição actual de Democracia.

Começa logo pela base, o Povo. Se é verdade que é o Povo o elemento fulcral deste regime no papel, a realidade encarregou-se de nos mostrar que o povo não decide nada, e quando o faz faz mal edesajustadamente. E porquê? Porque o estupidificaram, e ele deixou.

A Democracia só existe quando todos, Povo ou Representantes, sabem o que se discute, como se discute e com que fim. Mas para que tal aconteça, é preciso apostar na cultura e na educação, a menos que o objectivo seja exactamente o contrário, isto é, uma Ditadura Democraticamente eleita e perpetuada. Temos uma história rica de eventos, de monumentos e de momentos históricos, mesmo os mais recentes como termossido o único país na história do FMI a pagar uma dívida, temos um povo que se distingue de todos os outros por milhares de defeitos, mas também por algumas virtudes aclamadas pelo mundo como únicas e de grande valor, temos um território físico com uma amplitude geográfica, paisagística e gastronómica de fazer inveja, e um território emotivo que corre o mundo.

Sim, eu sei que as minhas ideias têm sido apelidadas de jovens (imaturas?), mas vos garanto, é o conhecimento profundo e cada vez mais aprofundado da nossa língua, da nossa história, da nossa gente, de tudo o fomos e somos capazes, daquilo que conseguimos com tão pouco, do que representamos há séculos para as maiores e mais iminentes mentes do mundo, é isto tudo que me faz manter a vontade de ser, de me manter e de trabalhar em e por Portugal.

Ora bem, apliquem estas noções que gratuitamente vos transmito, e vos garanto que teremos um País fora da troika em menos que nada.

Devolvam aos portugueses o orgulho de o serem, e terão de novo um país digno desse nome, terão de novo "caravelas" em busca de novas riquezas. E se exemplos precisamos, vejam os avanços na medicina. Enquanto escrevo este pequeno ensaio, uma equipa investigadores portugueses descobre a causa principal da doença de Parkinson.

E é aqui que a Democracia se cruza com a Identidade Nacional.

Nasci tarde, num mundo que não compreendo - Parte I

Para quem, como eu, estuda, lê ou minimamente se interessa pelos mitos arturianos, a passagem que vou resumir é inteligivel.
Para todos os outros, por paralelismos pessoais também o será, estou certo.

Depois da união do reino bretão e da paz conseguida, a Távola Redonda perdeu parte da sua razão de ser e que era, de forma simples, a busca do ideal de cavalaria, a busca metafórica do homem no seu interior, e a busca de uma razão superior aos homens. Nasceu assim a demanda do Graal, a qual levou ao gradual desmembramento da Tavola por perda e morte dos seus cavaleiros.
Durante cerca de dez anos, Artur viveu sozinho, separado de uns por traição, e de outros pela cega obediência que lhe dedicaram e os levou aos sete cantos do mundo numa busca que não estava no mundo, mas em cada um deles e que, inicialmente, lhes permitira edificar o reino dos reinos.

Histórias à parte, e não ousando considerar-me uma encarnação do rei dos bretões, ultimamente sinto-me também eu meio perdido.
Acreditando ou não em vidas passada e ensinamentos primordiais, a verdade é que sempre pautei a minha vida por uma adaptação moderna de alguns ideais de cavalaria.
Sei que alguns me vão contrapor a medievalidade que me assiste com tudo o que de mau existiu, e que não nego. Nem há 500 anos, nem hoje.
Mas a verdade é que me sinto forjado por ideais e valores simples, mas imutáveis. Alguns talvez pouco lógicos e que resultam mais em prejuízo pessoal, mas que me garantem uma consciência tranqüila, ainda que eventualmente triste.
Sou dos que morre e mata por amor, sou do tempo da honra e dos compromissos, dos amigos como irmãos, dos irmãos como amigos.
Em suma, não sou deste tempo.

Mas, como nas histórias de cavalaria, também nem tudo é negro e sombrio.
Se alguns cavaleiros nos traem, outros valorosos e mais cultivados nas artes medievais, aparecem e lembram-nos que a vida é um círculo de experiências, e que uma ferida é um ensinamento. Lembram-nos que a vida é uma mesa farta, grande e cheia de risos e choros, em que os convidados vão mudando, desde que tragam para a mesa e dela levem a mesma quantidade de ensinamentos e alegria.
E temos também as princesas, que nos lembram que a beleza é algo divino, e eterno, e partilham os nossos pesos como mais ninguém o fará.
Não, não sou deste tempo, mas este também é o meu tempo.